Cerca de 200 estudantes da rede estadual de ensino com suspeitas de transtornos de aprendizagem já foram atendidos, neste ano, pelo Núcleo de Avaliação Educacional Especializado (NAEE), localizado em Belém. A função do espaço, que é vinculado à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), é investigar traços indicativos de transtornos de aprendizagem observados em sala de aula.
Dessa forma, é possível compreender as necessidades deste aluno, garantindo a orientação necessária à família e à escola, a partir da aplicação de um Plano de Flexibilização Curricular, que é a criação de recursos pedagógicos voltados ao estudante, com objetivo de integrá-lo à turma comum, proporcionando seu desenvolvimento de forma integral.
Professora do NAEE, Roselene Ayan, explica que o Núcleo não oferece diagnóstico clínico nos casos atendidos, realizando apenas a avaliação de estudantes da rede estadual e também assessorando professores do Estado no que se refere à avaliação educacional especializada.
“As nossas formações são importantes para que o professor que está nas salas de aulas consiga identificar alunos que apresentam características diferentes na aprendizagem e possam seguir um protocolo de acolhimento junto à coordenação pedagógica da escola para que eles sejam encaminhados para a nossa avaliação educacional especializada. Identificar as características o mais precoce possível fará a diferença na vida desse estudante”, ressalta.
Entre as condições mais comuns no atendimento do NAEE estão o transtorno do déficit de atenção com ou sem hiperatividade, a dislalia e a dislexia. Profissionais fonoaudiólogos, professores avaliadores especializados em educação especial ou inclusiva, psicólogos e assistentes sociais atuam no Núcleo. Desde 2019, a Seduc realiza o atendimento especializado em todas as escolas dos 144 municípios paraenses.
Dislexia –Outubro é considerado o mês de Conscientização sobre a Dislexia e busca alertar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce visando uma melhor qualidade de vida desde os anos iniciais de alfabetização.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, podendo manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica sua ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
“A dislexia não é uma deficiência, é um transtorno específico da aprendizagem que afeta o desempenho acadêmico dos estudantes, especialmente sobre as habilidades de leitura e escrita. Entre as características indicativas estão a leitura silabada, pouco fluente, vocabulário reduzido, dificuldade de interpretar texto, escrita com alteração ortográfica, atraso no desenvolvimento da linguagem, da fala, e algumas trocas articulatórias que podem permanecer ou não. Nossa avaliação educacional é para favorecer o desenvolvimento desse aluno no ambiente escolar”, detalha Lady Anny Araujo, fonoaudióloga do NAEE.
Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a existência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
Serviço:A Coordenação de Educação Especial, que integra o NAEE, funciona nas dependências da Escola Visconde de Souza Franco, na Avenida Almirante Barroso, n° 1.150, em Belém. Para ser atendido pelo Núcleo, o aluno deve estar matriculado e ser encaminhado pela rede pública estadual de ensino.
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