Após três períodos de proibição para a captura, transporte, beneficiamento, industrialização e comercialização do caranguejo-uçá, o terceiro e último deles chegou ao fim no sábado (16). A medida, em conformidade com a Portaria nº 325 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), visava preservar o ciclo reprodutivo da espécie. Agora, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) informa que a população já pode consumir o crustáceo sem restrições.
O consumo do caranguejo-uçá ficou restrito nos períodos de 12 a 17 de janeiro, 10 a 15 de fevereiro e 11 a 16 de março, tendo como objetivo garantir a reprodução e o equilíbrio populacional da espécie. Esse animal desempenha uma função fundamental nos ecossistemas costeiros, atuando como um importante elo na cadeia alimentar e participando da manutenção da biodiversidade marinha.
Outro fator importante é que a reciclagem da matéria orgânica, feita pelos caranguejos nos manguezais, contribui para a saúde e o equilíbrio desses ecossistemas, evitando o transporte de nutrientes para outros ambientes durante as marés. Além disso, os manguezais são berçários naturais para diversas espécies, antes de migrarem para seus habitats específicos, tornando a preservação desses ambientes e de suas espécies ainda mais crítica.
O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), realizou durante o defeso fiscalização em feiras e demais estabelecimentos que comercializam o caranguejo-uçá, para garantir o cumprimento das leis ambientais. Já o Ideflor-Bio atua com ações de educação ambiental para conscientizar a população na busca por garantir a proteção e a manutenção desses ecossistemas tão vitais para a biodiversidade e as comunidades que deles dependem.
Emprego -Além da sua importância ecológica, os caranguejos-uçá desempenham um papel fundamental na economia e na cultura local. No Pará, a "cata do caranguejo" é uma atividade tradicional, que movimenta a economia e gera renda para inúmeros pescadores artesanais ao longo do litoral. Estima-se que a comercialização chegue a 18 milhões de unidades por ano, destacando a dimensão dessa espécie para as comunidades locais.
Com o encerramento do terceiro período do defeso, a população local e os pescadores podem retomar suas atividades, respeitando as normas e legislações vigentes. A liberação do consumo do animal representa não apenas uma oportunidade para a geração de renda, mas também um compromisso com a conservação da biodiversidade marinha e a sustentabilidade dos ecossistemas costeiros.
Segundo o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, é fundamental que a sociedade esteja ciente da importância da preservação do caranguejo-uçá e do respeito às medidas de proteção da espécie. “A conscientização e o engajamento de todos são essenciais para garantir a sobrevivência do caranguejo-uçá e a manutenção dos ecossistemas marinhos para as futuras gerações. O trabalho do Ideflor-Bio e de outros órgãos ambientais é fundamental para assegurar a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos naturais”, enfatizou.
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