Nesta terça-feira (26) é celebrado o Dia Mundial de Conscientização Sobre a Epilepsia, conhecido como Purple Day (do inglês, Dia Roxo). Criada no Canadá em 2008, a data busca alertar e desmistificar os preconceitos relacionados a essa disfunção do sistema nervoso central, provocada por uma atividade cerebral temporária e reversível, sem estar ligada à febre, consumo de drogas e distúrbios metabólicos.
Mais comum em crianças, a epilepsia pode atingir pessoas de qualquer idade e resultar em sintomas variados, como alterações das sensações, movimentos descontrolados do corpo, desligamentos momentâneos e perda da consciência. O mais comum é a convulsão.
A epilepsia tem diversas causas. Nos recém-nascidos, e nos primeiro ano de vida, geralmente está relacionada à genética e hereditariedade, complicações no parto e infecções na gestação. Já o Acidente Vascular Cerebral, encefalite, traumatismo craniano e tumores cerebrais figuram entre as principais causas em adultos jovens e idosos. O diagnóstico deve ser realizado pelo médico neurologista a partir da história clínica detalhada, avaliação dos sintomas e análise de exames, como eletroencefalograma e ressonância magnética.
Desde 2014, o HOL mantém um Ambulatório de Epilepsia para atender, orientar e acompanhar pacientes. Em 2023, o serviço realizou 470 consultas ambulatoriais em neurologia e 223 consultas em neurocirurgia, para avaliação de pacientes com epilepsia refratária, cujas convulsões não são controladas mesmo com o tratamento medicamentoso. Os pacientes são encaminhados pela Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Secretaria Municipal de Saúde, via Sistema de Regulação.
Inclusão- Criado em 2008 pela canadense Cassidy Megan, diagnosticada com epilepsia aos 7 anos, o Purple Day propõe ações educativas sobre epilepsia. O uso de roupas e acessórios na cor roxa é uma marca registrada do dia, demonstrando solidariedade com aqueles que vivem com essa condição.
Neurologista Marina Tuma: esforço para acabar com estigmas e desinformaçãoA neurologista do Hospital, Marina Tuma, ressalta a importância da compreensão sobre sinais e sintomas da doença, e como agir em casos de convulsão. “Quando o paciente tem uma convulsão é importante deixá-lo em um local seguro, longe de objetos pontiagudos. Coloque-o de barriga para cima, com a cabeça para o lado, para não engasgar com saliva ou vômitos. Afrouxe as roupas e não segure os membros do indivíduo, apenas aguarde o fim da crise convulsiva, que costuma durar poucos minutos", explica a médica.
“As crises epilépticas são caracterizadas por um evento súbito. Alguns pacientes sentem um ‘aviso’ antes da crise, seja uma dor de barriga, dor de cabeça ou tontura. Outros não sentem nada previamente. Normalmente, os pacientes dão um grito, caem no chão, debatem os braços e pernas, e também podem morder a língua e urinar. As crises podem durar de 2 a 3 minutos e, posteriormente, as pessoas podem ficar um pouco confusas e sonolentas”, acrescenta Marina Tuma.
A médica ressalta que, embora seja uma das condições neurológicas mais comuns no planeta, ainda existe muito “estigma, desinformação e falta de entendimento”. Por isso, eventos alusivos buscam abordar iniciativas voltadas ao apoio e à melhoria da qualidade de vida de pessoas com epilepsia.
Avanços- “Infelizmente, por conta do preconceito e do desconhecimento da sociedade, os pacientes com epilepsia carregam um grande peso ao conviver com a doença. Criou-se uma mentalidade de que pessoas com epilepsia não podem trabalhar, que têm de ficar em casa, e isso ainda pesa muito sobre eles. Cada paciente é um paciente, mas sabemos que não é uma doença contagiosa e, graças ao conhecimento científico, tivemos muitos avanços na compreensão da doença e nos tratamentos disponibilizados”, explica Marina Tuma.
Em torno de 70% dos pacientes têm crises epilépticas controladas com medicamentos específicos, conhecidos como antiepilépticos, e conseguem levar uma vida bem próxima à normalidade. “Aqueles que não obtêm um bom resultado com os fármacos devem aderir à dieta cetogênica (redução dos carboidratos) e, em casos mais graves, pode ser indicada a cirurgia", acrescenta.
Texto: Ellyson Ramos e Leila Cruz - Ascom/HOL
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